ATA DA VIGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 22.08.1991.
Aos vinte e
dois dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se,
na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre, em sua Vigésima Sexta Sessão Solene da Terceira Sessão Legislativa
Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega dos Títulos de Cidadãos
Eméritos a Alécio Ughini e Laci Ughini, concedidos através do Projeto de Lei do
Legislativo n° 34/87 (Processo nº 1710/87). Às dezessete horas e trinta
minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancada que conduzissem ao
Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador
Antonio Hohlfeldt, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor
Olívio Dutra, Prefeito Municipal de Porto Alegre; Senhor Flávio Obino,
Presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, representando o Senhor
Governador do Estado; Senhor Fúlvio Araújo dos Santos, Presidente da
Confederação Nacional de Diretores Lojistas; Senhor Marivaldo Tumelero,
Presidente do CDL de Porto Alegre; Senhor Zildo de Marchi, Presidente da
Federação do Comércio Atacadista; Senhor Alécio Ughini e Senhora Laci Ughini,
Homenageados; Vereador Leão de Medeiros, 1º Secretário da Casa. A seguir, o
Senhor Presidente pronunciou-se acerca da solenidade e concedeu a palavra aos
Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Clóvis Brum, como
proponente da solenidade e em nome das Bancadas do PMDB e PL, falou sobre a
vida do Casal Ughini, ressaltando sua atuação junto ao setor lojista de Porto
Alegre, e analisando o significado da homenagem hoje prestada por este
Legislativo. O Vereador Vieira da Cunha, em nome da Bancada do PDT,
cumprimentou o Vereador Clóvis Brum pela iniciativa desta solenidade,
ressaltando sua justeza e destacando a atuação do Casal Ughini junto a
Sindicatos e Associações da Cidade. O Vereador Clóvis Ilgenfritz, em nome da
Bancada do PT, falou da participação dos Homenageados na busca de soluções para
os problemas comuns dos porto-alegrenses. Atentou para a importância da união
de todos, respeitadas as diferenças, para a saída da crise enfrentada pelo
País. O Vereador João Dib, em nome das Bancadas do PDS e do PTB, destacou que,
juntamente com a presente homenagem, a Cidade entrega ao Casal Ughini a
responsabilidade de continuar trabalhando em prol do desenvolvimento de Porto
Alegre. O Vereador Artur Zanella, em nome da Bancada do PFL, discorreu sobre o
trabalho de Laci e Alécio Ughini, salientando a política sempre por eles
seguida no referente às relações de trabalho. Em continuidade, o Senhor
Presidente convidou a todos para, de pé, assistirem à entrega, pelo Vereador
Clóvis Brum, dos Diplomas referentes aos Títulos de Cidadãos Eméritos aos
Senhores Alécio e Laci Ughini, concedendo, a seguir, a palavra aos
Homenageados, que agradeceram os Títulos recebidos. Durante a Sessão, o Senhor
Presidente registrou as presenças, no Plenário, dos Senhores Oscar Antunes de
Oliveira, Diretor da Associação Comercial e Federasul; João Antonio Dalmas,
Conselheiro do SENAC; João Telmo Dias, Vice-Presidente do Sindicato dos
Advogados; Alberto Kraemmerer; Ernesto Keller Filho, ex-Vice-Prefeito de
Carazinho e atual Vice-Presidente da Federasul; Maximiliam Washeiner,
representando o Sindicato de Compra e Venda de Imóveis; Carlos Emílio,
Presidente da Federação do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Rio
Grande do Sul; Manoel Pedro Reis, representando a Junta Comercial; Jorge Luiz
Cunha, Presidente do Serviço de Proteção ao Crédito; Heitor Kraemer, Diretor do
Grupo RBS; Wilson Müller, representando a Companhia Riograndense de Turismo;
Tarso Genro, Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre; Irmão Faustino João,
representando a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; José
Augusto Climam, Presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas;
Antonio Paris, Presidente do Instituto da Família; Adão Silva, Presidente
Regional do Partido Democrata Cristão; João Carlos Cavalheiro Nedel,
representando a Associação dos Bancos do Estado do Rio Grande do Sul;
ex-Vereador Frederico Barbosa; Vereador Kalil Seibe, representando a Câmara
Municipal de Caxias do Sul; ex-Vereador Pedro Ruas; Senhoras Daniela da Silva
Netto; Antonieta Barone; representantes da Federação do CDL do Rio Grande do
Sul e do Sindilojas e Filhos do Casal homenageado. E registrou, ainda,
recebimento de correspondência relativa ao evento dos Senhores Sérgio Quezini,
da Pena Branca; Hugo Betti, Diretor-Presidente da Agapê – Indústira de
Alimentação; Emídio Perone, Presidente da Federação Gaúcha de Futebol; Paulo
Renato de Souza, Parkes Informática; Carlos Willi Engels, Vice-Presidente
Técnico da Varig; Antonio Soares de Barros Neto, da Casa Dico; Claúdio Erbeli e
Esposa; Frederico e Nora Lang; Luiz Carlos Mello; J. Mello Pedreira; Deputado
Luiz Roberto Ponte; Vereador Seibbe Neto; Irmão Faustino João e da Senhora
Rosana. A seguir, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada
mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e
quarenta e quatro minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador
Antonio Hohlfeldt e secretariados pelo Vereador Leão de Medeiros. Do que eu,
Leão de Medeiros, 1° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Antonio
Hohlfeldt): Estão abertos os trabalhos da
presente Sessão Solene destinada a
homenagear com os títulos de Cidadãos Eméritos a Alécio Ughini e Laci Ughini,
conforme proposição do nobre Ver. Clóvis Brum.
Falarão, nesta tarde, os Srs. Vereadores Clóvis
Brum, autor do Projeto, em nome das Bancadas do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro – PMDB e do Partido Liberal – PL; Ver. Vieira da Cunha
pela Bancada do Partido Democrático Trabalhista – PDT; Ver. Clovis Ilgenfritz
pela Bancada do Partido dos Trabalhadores – PT; Ver. João
Dib, pelas Bancadas do Partido Democrático Social – PDS e Partido
Trabalhista Brasileiro – PTB; Ver. Lauro Hagemann pela Bancada do Partido
Comunista Brasileiro – PCB e Ver. Artur Zanella pela Bancada do Partido da
Frente Liberal - PFL.
Queremos mencionar entre muitos convidados,
autoridades, amigos aqui presentes, o Sr. Oscar Antunes de Oliveira, Diretor da
Associação Comercial e Federação das Associações Comerciais do Estado do Rio
Grande do Sul – Federasul; os filhos do casal homenageado, Daniela da Silva
Netto; Irmão Faustino em representação da Pontifícia Universidade Católica
– PUC, Sr. Wilson Noër da Federação da Câmara de Dirigentes Lojistas – CDL do
Rio Grande do Sul; o ex-Vereador Frederico Barbosa; Sr. João Antônio Dalmas,
Conselheiro do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC;
Vice-Prefeito Tarso Genro; Ver. Kalil Sehbe, representando a Câmara Municipal
de Caxias do Sul; Sr. João Telmo Dias, Vice-Presidente do Sindicato dos
Advogados do Rio Grande do Sul, enfim, uma série de convidados que vamos
mencionar ao longo desta Sessão.
As
Sessões Solenes de entrega de títulos da Câmara Municipal, por vezes
discutidas, têm os seus momentos de reconhecimento, de importância, de
avaliação clara, exatamente momentos como este, quando reunimos diferentes
representantes da comunidade, quando temos determinados homenageados que
efetivamente mobilizam a opinião pública e mobilizam os diferentes segmentos.
Portanto, é uma honra a Casa receber a todos os senhores nesta Sessão, e, de
início, concedemos a palavra ao nobre Vereador Clóvis Brum, autor da
proposição, que falará pela sua própria Bancada, o PMDB, e a Bancada do PL, na
representação do Ver. Wilson Santos.
Com a
palavra o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Exmo Ver. Antonio Hohlfeldt,
Presidente da Casa, Exmo Prefeito Olívio Dutra, meus queridos amigos
e Cidadãos Eméritos de Porto Alegre Alécio e Laci Ughini, familiares do casal
homenageado, meus senhores e minhas senhoras. Na verdade, o protocolo dirige
que o discurso deva ser escrito. Mas eu me confesso um péssimo leitor e
escrever o quê? Se tivéssemos que fazer um discurso escrito para homenagear,
para dizer das virtudes desse notável casal, por certo 100 ou 1000 páginas
seriam insuficientes. Meu caro Alécio e minha querida Drª Laci, se não fosse
pela unanimidade dos Vereadores que honraram a nossa proposição na aprovação da
matéria, eu diria que, pela presença dos seus amigos, dos seus familiares que
lotam esta Casa, nesta tarde, por si já se engalanou de triunfos. E o silêncio
dos Senhores, que gesto generoso para um discurso empobrecido, mas que
transmite da alma, do coração, aquilo que vivemos nesta tarde memorável na Casa
do Povo de Porto Alegre. Tecer sobre as virtudes e sobre o currículo dos
homenageados, talvez o meu sucessor, na tribuna, ilustre Ver. Vieira da Cunha,
brilhante e eloqüente, pelo carinho e pelo companheirismo que tem, no
dia-a-dia, na TV Guaíba com a Drª Laci, por certo o fará. E, logo após, o
discurso da representação do Partido dos Trabalhadores que tem, nesta Casa, um
grupo de homens voltados para os mais altos interesses da Cidade, falará um
homem não menos preparado, conhecedor da vida da Cidade. Refiro-me ao Ver.
Clovis Ilgenfritz. E, se não fossem esses dois, um ex-Prefeito da Cidade, João Antonio
Dib, amigo de Alécio há muitos anos, por certo melhor do que eu haverá de
transmitir as virtudes deste, repito, notável casal. Após, falará um Vereador
que conhece o casal há muitos anos, eu diria Vereador exemplar pela sua
postura, pela sua seriedade. Estou a me referir ao Ver. Lauro Hagemann. E,
finalmente, falará um dos tantos amigos do casal, Ver. Artur Zanella. Portanto,
meus Senhores e minhas Senhoras, acredito que a aprovação desse projeto que
apresentamos à consideração dos nossos ilustres Companheiros, a unanimidade da
sua aceitação fala mais alto do que as nossas palavras. A vida de Alécio e de
Laci todos conhecemos, porque a Cidade conhece, porque o Rio Grande conhece.
Casal que formou a sua vida, juntos, exatamente 10 dias depois que eu casava.
Casavam eles no dia 17 de julho de 1967, casei-me no dia 7 de julho de 1967.
Bastante tempo, não o suficiente para que Alécio deixasse de continuar sendo
aquele grande comandante, aquele homem de um só querer. Antes morrer do que
volver, diria Lourival Fontes. Laci Ughini, a primeira mulher Presidenta de
Tribunal de Justiça Desportiva, do Brasil. Sem dúvida alguma, Dr. Alécio e Drª
Laci, no dia 17 de um longínquo julho de 1967, os Senhores ingressavam na vida
que sonora, que festiva os convocava e os arrastava para a luta que fremente os
convocava, luta da qual e de cujo exemplo os nossos antepassados contribuíram
para o desenvolvimento da nossa província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Quando vejo que a Câmara de Porto Alegre reúne a comunidade da Capital e do
Interior do Rio Grande do Sul, os representantes dos lojistas do Brasil e de
Porto Alegre, por certo estávamos no caminho correto quando apresentávamos a
nossa proposição de homenagear este casal. As qualidades, as virtudes que
fizeram no trâmite do Projeto, o Projeto tramita em várias Comissões até chegar
em Plenário, não houve argumentação do autor. Argumentação mais forte do autor
é o exemplo de vida, de dedicação, de carinho desse casal. Ele, vindo lá de
Tapejara, e ela de Erechim, e, aqui chegando, participaram da pujança da nossa
Cidade, do desenvolvimento da nossa Capital.
Eu
diria Dr. Alécio e Drª Laci, das poucas coisas boas que a vida tem me
oferecido, posso lhes garantir, esta é uma das boas coisas que colho na minha
existência.
Quando
não mais estivermos nesta Casa, nós teremos a certeza de que, entre as nossas
Proposições, esta foi uma das que reuniu os amigos de um casal, por quem
aprendi apreciar, a admirar e até a invejar.
Dizia a
minha Drª Laci Ughini: as atividades do Alécio e as minhas têm feito com que
nos encontremos à madrugada. Pois posso dizer também, Dr. Alécio e Drª Laci, as
nossas atividades muitas vezes nos levam à madrugada para o convívio da nossa
família.
Vinte e
quatro anos se passaram, poucos dias depois de ter completado vinte e quatro
anos desta querida união, sem qualquer planejamento, a Câmara se reúne para
prestar esta significativa homenagem a este casal maravilhoso. E, a esta
homenagem, se somam os carinhos dos seus amigos. Sem dúvida alguma, nós estamos
felizes, a Casa do Povo está feliz. Dr. Alécio e Drª Laci, a Câmara, os
Vereadores de Porto Alegre não fizeram outra coisa se não prestar uma homenagem
merecida e tributar-lhes a cidadania que esta Cidade já lhes devia. Os Senhores
são, a partir de hoje, Cidadãos, não mais só de Tapejara e de Erechim, mas de
Porto Alegre e do Rio Grande do Sul.
Nossas
homenagens, as homenagens do PMDB, através do Ver. Airto Ferronato, e as
homenagens do Partido Liberal, através do Ver. Wilson Santos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar a presença dos Vereadores
Nereu D’Ávila, Omar Ferri, Airto Ferronato, Vicente Dutra e Ervino Besson.
Também do ex-Vereador Pedro Ruas; Srª Antonieta Barone; Sr. Alberto Kraemmerer,
que, nesta semana, foi homenageado como Cidadão de Porto Alegre; Augusto,
Vice-Presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre –
Sindilojas; Ernesto Keller Filho, ex-vice-Prefeito de Carazinho e atual
vice-Presidente da Federasul; Sr. Maximiliano Weissheimer, representando o
Sindicato de Compra e Venda de Imóveis; Sr. Carlos Emílio, Presidente da
Federação do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado Rio Grande do
Sul.
Passamos
a palavra ao Ver. Vieira da Cunha, que falará pela Bancada do Partido Democrático
Trabalhista.
O SR. VIEIRA DA
CUNHA: Exmo Sr. Ver.
Antonio Hohlfeldt, Presidente desta Casa; Exmo Sr. Prefeito Olívio
Dutra; meus colegas Vereadores; familiares e amigos do casal homenageado, Laci
Ughini e Alécio Ughini, homenageados de hoje; minhas senhoras e meus senhores. (Lê.)
“Em
primeiro lugar, permitam-me cumprimentar o Ver. Clóvis Brum pela feliz
iniciativa em propor a esta Casa os títulos de Cidadãos de Porto Alegre ao
casal Laci e Alécio Ughini e, portanto, oportunizar à Cidade, através de seus
legítimos representantes, a prestação desta justa e merecida homenagem.
Quero,
também, agradecer ao Ver. Nereu D’Ávila, Líder da minha Bancada, pela indicação
que fez do meu nome para representar o PDT, nesta solenidade e dizer que, com
muito prazer, falo também em nome do Ver. Omar Ferri.
Sinto-me
honrado e feliz com esta oportunidade. Feliz porque tenho uma grande admiração
pessoal pelo casal Ughini. Gosto de pessoas que, como eles, têm a marca de
autenticidade. Que têm fibra, que dão exemplo de capacidade de luta. São
líderes. Liderança conquistada pela participação destacada em Associações,
Sindicatos e Federações.
Ousaria
dizer, Ver. Clóvis Brum, que V. Exª apenas formaliza hoje, com a entrega desses
títulos, o que Laci e Alécio já conquistaram, no dia-a-dia das suas vidas: o
reconhecimento da Cidade à imprescindível e inestimável contribuição ao seu
desenvolvimento que dão pessoas como eles, que exercem, na plenitude, a sua
cidadania.
Ah, se
todos fossem assim. Se todos tivessem essa consciência, essa participação
social, esse engajamento, tenho absoluta convicção de que viveríamos em uma
sociedade muito melhor.
Aliás,
essa identidade que tenho com o casal Ughini tem muito a ver com esse
sentimento. Sentimento de indignação com as profundas desigualdades sociais a
que estamos submetidos.
Militando
na Justiça do Trabalho, Laci convive diariamente com o drama de milhares de
trabalhadores que são privados da fonte de sustento de suas famílias. Como
empresário, também, Alécio conhece como ninguém esta realidade.
Têm
consciência, ambos, da inadiável necessidade que temos de promover a justiça
social em nosso País. E contribuem, cada um na sua área de atuação, para que
este objetivo seja alcançado.
Laci
Ughini é destaque na advocacia trabalhista, no esporte e nas comunicações. Há
um ano com ela convivo diariamente no Programa Flávio Alcaraz Gomes Repórter,
na TV Guaíba, quando expressamos nossos pontos-de-vista sobre os mais variados
assuntos. Quase sempre convergimos. Não por mera coincidência, mas porque nos
une a consciência das profundas transformações que deve sofrer o nosso Brasil
em busca de um novo modelo econômico-social que não continue a marginalizar a
grande maioria da população do processo de desenvolvimento.
Alécio
Ughini é destaque no meio empresarial. Por suas posições claras e definidas,
conquistou o respeito de todos os gaúchos e alcançou projeção nacional. Alécio
é daqueles empresários profundamente impregnados do social. Inteligente,
dinâmico e com ímpar capacidade de expressão, sabe identificar como poucos as
verdadeiras causas das dificuldades do crescimento econômico e social do País.
Seus posicionamentos lúcidos fazem-no merecedor de credibilidade e admiração da
nossa sociedade, em seus mais variados segmentos.
Enfim,
mais do que Laci e Alécio Ughini, Porto Alegre está de parabéns por ter entre
os seus cidadãos ilustres pessoas de tantas qualidades e de tantos serviços
prestados à sua comunidade.
Parabéns,
Laci.
Parabéns,
Alécio.
Parabéns,
Porto Alegre. Muito obrigado.”
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças do Sr. Manoel Pedro
Reis, representando a Junta Comercial; do Sr. Jorge Luiz Cunha, Presidente do
Serviço de Proteção ao Crédito – SPC; registramos, igualmente, telex e
telegramas recebidos do Sr. e Srª Cláudio Erbeli; Ver. Kalil Sehbe Neto e
esposa, nome pessoal de Rosana; também do Sérgio Quezini da Pena Branca; Sr.
Hugo Betti, Diretor-Presidente AGAPÊ Indústria de Alimentação; do Sr. Emídio
Peronde, Presidente da Federação Gaúcha de Futebol; Paulo Renato de Souza,
PARKS Informática; Nora e Frederico Lang; Luiz Carlos Mello; Carlos Willy
Engels, Vice-Presidente Técnico da Viação Aérea Rio-Grandense – Varig; Irmão
Faustino João, da Reitoria da Universidade Católica do Rio Grande do Sul; J.
Mello Pedreira, que passo as mãos da Drª Laci Ughini para que os guarde.
Passamos
a palavra ao Ver. Clovis Ilgenfritz, que falará pela Bancada do Partido dos
Trabalhadores.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Ver. Antonio
Hohlfeldt, Presidente da Mesa e da Casa, Srs. Vereadores, Senhoras, familiares
do ilustre casal homenageado, Dona Laci e Alécio Ughini.
Eu quero começar esta nossa manifestação, em nome da nossa Bancada do Partido dos Trabalhadores, dos nossos 9 Vereadores e mais os 2 ou 3 Suplentes que seguidamente assumem, aqui, o mandato, testemunhando a todos os senhores e senhoras e, em especial, o Alécio e a Dona Laci, que nós os consideramos nossos amigos e que temos, nesta trajetória dos últimos anos, do nosso Partido, tentado vender uma proposta e que, por muito tempo, foi difícil de ser aceita por muita gente, inclusive por umas lideranças maiores do setor empresarial brasileiro que, em determinado momento, disseram que se Lula ganhasse a eleição iriam para o exterior. E certamente uma das primeiras pessoas do mundo empresarial que se colocou de forma tranqüila, aberta e transparente, não do nosso lado, mas nos ouvindo, dando atenção para aquilo que se dizia, foi o Sr. Alécio Ughini, um representante, dos mais legítimos, do setor empresarial no nosso Estado e de nosso País, sua esposa que trabalha como advogada, brilhante, e também no setor empresarial e na comunicação. Ele nunca disse que iria embora, e teve um gesto de desprendimento, e, diria, de audácia, junto aos empresários brasileiros no segundo turno das eleições, em 1989, quando ele foi um dos primeiros a dizer, nós vamos apoiar o fulano, porque entendemos que ele está falando com transparência, com seriedade, embora não tenhamos as identidades ideológicas ou políticas de uma forma completa, ou até parcial. Mas o empresário Alécio Ughini também nos deixou à vontade na Prefeitura, estava recém chegando na Secretaria do Planejamento e instituímos um plano, porque não tinha dinheiro, e não tinha mesmo, e instituímos o plano chamado SOS Porto Alegre, que ia para todas as vilas, com uma turma de operários das mais diversas Secretarias fazer um trabalho que não necessitasse de dinheiro, mas que utilizasse o melhor possível a mão-de-obra. E lembro, numa noite, estávamo-nos deparando com um fato, parece até ridículo para uma Prefeitura de uma Capital, que deveria ter recursos para essas coisas, mas tínhamos que fazer uma camiseta para identificar o pessoal que iria invadir as vilas para tentar fazer alguma coisa, já que, por enquanto, não dá para fazer o que, felizmente, hoje, estamos conseguindo fazer, telefonei e ele disse: o que tu queres? Eu quero umas 200 ou 300 camisetas, ele prontamente conseguiu as camisetas e o SOS teve a participação do Ughini, da sua firma. E nós não ficamos devendo nada para ele, nem ele pediu nada em troca. Foi uma relação com a Cidade que ele estabeleceu, foi uma relação madura, adulta, de quem está fazendo o máximo para acertar, cada um na sua trincheira, no seu local de trabalho, tentando dignificar a vida, e nós sentimos isso; eu não tenho dúvida em homenagear o empresário Alécio Ughini e sua esposa como Cidadãos Eméritos, nós não temos, principalmente, quando o mundo se depara com problemas enormes, neste momento. E nós assistimos, agora, este fenômeno da volta de Gorbachev ao poder, da visão que nós defendemos de um mundo em que, com o socialismo, precisa existir a democracia, e precisa reconhecer o pluralismo da sociedade; o mundo em que se vive hoje deve conviver e procurar as saídas, e quero crer que o casal já deu inúmeras demonstrações de que entende assim também a coisa; sem abrir mão dos seus princípios, das suas posições ideológicas, filosóficas, religiosas, enfim. Dizia o Lula há dois dias aqui, num encontro da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil – ADVB – com ilustres empresários representativos do nosso Estado, “nosso País é uma nau sem rumo”, mas ele não ficou por aí, ele disse imediatamente, “a saída da crise é a união, respeitadas as posições e as necessidades sociais, a saída da crise é a união”. Ele citou inúmeros números sobre as nossas estatísticas e a situação de defasagem da indústria, da tecnologia, em todos os setores, o Brasil com 10, 20, 30 anos de defasagem com o resto do mundo. E, sempre que essas coisas apareciam no discurso do Lula, eu lembrava de pessoas como Alécio Ughini, esse não queria que fosse assim, esse quer mudar, quer ser atual, moderno, progressista e é isso que precisamos. Então, eu acho que esta homenagem a Alécio Ughini e Dona Laci não vem por acaso, é unânime pelos Vereadores desta Casa e é do povo de Porto Alegre, que nós representamos, ele que nos corrija se estivermos errados. Mas, eu quero dizer, sinceramente, em nome do Partido dos Trabalhadores, que nós acreditamos em pessoas que queiram, assim como nós, construir um mundo melhor, e por isso o reconhecimento venha de que extrato social vier, com que ideologia tiver, mas que seja realmente transparente, honesto e que queria sinceramente transformar são nossos amigos e é por isso que eu tentei fazer aqui esta homenagem também em nome do PT e o nosso abraço a todos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos ainda registrar as presenças do Sr.
Heitor Kraemer, da Diretoria do Grupo RBS; Jornalista Wilson Müller, da
Companhia Rio-grandense de Turismo; telegramas do Dep. Luiz Roberto Ponte e da
Casa Dico, firmado pelo Sr. Presidente Antônio Soares de Barros Netto.
Passamos
a palavra ao Ver. João Dib, que falará em nome do PDS e do PTB.
O SR. JOÃO DIB: Exmo Sr. Presidente da Câmara
Municipal, nossos queridos homenageados Laci e Alécio Ughini; familiares e
amigos do Alécio e da Laci; Srs. Vereadores; meus senhores e minhas senhoras,
nós diríamos que estamos vivendo uma Sessão Solene no momento em que a
contração é trabalho, a seriedade e a solidariedade para com a coletividade e
também da coletividade para com os homenageados faz com que estejamos aqui
reunidos.
O poeta
grego Eurípedes disse que a primeira condição para a felicidade e a alegria de
uma mulher ou de um homem é nascer em uma cidade famosa. É claro que no tempo
de Eurípedes não tinha a Câmara Municipal, a Câmara Municipal para reconhecer
os valores, reconhecendo qualidades, apostando no trabalho, dizer que mais
importante do que nascer na cidade famosa era ser reconhecido na cidade famosa,
era ser homenageado pela cidade famosa, isto faria a mulher e o homem mais
felizes. E a Laci e o Alécio vieram de outras cidades do interior, como a
maioria de todos nós também viemos de outras cidades do interior, encontraram
aqui oportunidade de se doarem, de fazer com que muitas coisas boas ocorressem
pela participação muitas vezes anônima e outras vezes declarada. Mas sempre,
através do trabalho, através da seriedade, através da solidariedade, buscando
fazer com que esta Cidade fosse um pouco melhor. E hoje esta Cidade
orgulhosamente lhes dá o título de Cidadãos Eméritos. Poderia parar aqui, mas
não Laci e Alécio, a responsabilidade que vocês estão recebendo agora, que lhes
está sendo outorgada juntamente com o título, é que vocês terão que trabalhar
mais, vocês terão que fazer mais, porque esta Cidade, através dos seus
Vereadores, está a lhes dizer o que vocês fizeram foi muito bom, mas nos deu a
convicção que vocês são capazes de fazer mais. Então, vocês levam, também, a
responsabilidade agora de receber a solidariedade de todos nós e de muitos que
aqui não estão, de continuar trabalhando sem cansar, porque um dos grandes
perigos da atualidade que nós vivemos é o cansaço dos bons, e vocês foram
escolhidos como bons, porque a população da Cidade, através dos seus
Vereadores, disse isto, e esta responsabilidade de ser bom vocês terão. E terão
por muito tempo, porque nós queremos vocês por muito tempo na nossa Porto
Alegre querida, na Porto Alegre de todos nós. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças do Sr. José Augusto
Climam, Presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas; Sr.
Antonio Paris, Presidente do Instituto da Família; Adão Wohlf da Silva,
Presidente Regional do Partido Democrata Cristão; João Carlos Cavalheiro Nedel,
representando a Associação dos Bancos do Estado do Rio Grande do Sul.
Com
a palavra o Ver. Artur Zanella, que falará pela Bancada do Partido da Frente
Liberal.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Ver. Antonio Hohlfeldt, Srs.
Vereadores, Senhor, Senhoras e queridos homenageados.
Eu
cheguei um pouco atrasado a esta Sessão. Os Senhores devem compreender que não
está fácil, hoje, ser o único representante do PFL no Legislativo de Porto
Alegre. Tem sido um dia movimentado, mas fiz o possível para vir aqui dar o meu
abraço a este casal.
Eu me
sinto, e os que aqui foram candidatos, ou são candidatos, ou são políticos,
como aquele orador de comício, que é o último a falar ou penúltimo, e que tudo
já foi dito, só está-se esperando a palavra dos homenageados para encerrar com
chave de ouro a Solenidade. E uma das formas de fazer um discurso sem problema,
um discurso comprido, é ler o currículo dos homenageados. Às vezes esta leitura
do currículo dura pouco, a do Alécio e da Drª Laci demoraria muito e eu não vou
fazê-lo. Trouxe-me a curiosidade, somente eu lendo o currículo do Alécio, entre
tantas atividades, descobri que ele foi conselheiro do Conselho de Tráfego do
Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem. A outra, essa eu conheço muito bem,
era o seu trabalho, vice-Presidente nas atividades do Internacional numa época
muito alegre para ele, para mim. Evidentemente, não destacarei devido a
presença, como representante do Sr. Governador do Estado, do Dr. Flávio Obino.
Não deve ter lembranças muito boas daquela época!
E do
currículo da Drª Laci Ughini, eu tiro uma das coisas mais importantes que já vi
na biografia de uma pessoa. Em 1984, quando assinei junto com o Ver. Clóvis
Brum este Projeto, praticamente todos os Vereadores assinaram esta Proposição
do Ver. Clóvis Brum, a Drª Laci Ughini tinha participado de mais de 15 mil
ações na Justiça do Trabalho. Eu fico imaginando o que é tratar de 15 mil casos
na Justiça do Trabalho. O que é isso nas relações das pessoas com a sua
comunidade, ainda mais, como informa este currículo, que a Drª Laci sempre, e
na maioria das vezes, representou o Sindicato dos Empregados e não dos
Empregadores e ficou sempre, imagino, naquela angústia de tentar fazer o melhor
e combater aquilo que sempre chamo de bom combate. Assim como o Alécio sempre
combateu.
Um
amigo, dizia-me hoje, o Ver. Frederico Barbosa, que se encontra presente: “Mas
tu brigas tanto com o Ughini e vai fazer o possível hoje para homenageá-lo”. Eu
digo que sim, como adversário do Dr. Ughini, em alguns aspectos, alguns
assuntos polêmicos, tive o prazer de encontrar nele uma pessoa bem-humorada,
uma pessoa inteligente, que nunca transferiu para os seus problemas não
profissionais mas societários, como dirigente de empresa, nenhuma de suas
convicções pessoais como uma arma contra aqueles que, num determinado assunto,
naquele determinado momento, não concordavam com ele. Tenho o máximo prazer de
registrar a honra desta Casa, hoje, nesta entrega deste Prêmio.
Por
isso, em breves palavras, quero dizer, como já foi dito aqui, isto não é uma
aposentadoria, Dr. Ughini, Drª Laci, é o ingresso num outro momento da vida das
pessoas, que é ter o reconhecimento de uma Cidade para um casal que sempre
trouxe orgulho para esta Cidade e que nos dá, hoje, esta grande honra, esta
grande satisfação de pertencer como cidadão a uma Capital como Porto Alegre.
Também
vim do interior, como a maioria dos que aqui estão, dos Vereadores. E sei como
é difícil enfrentar a maior cidade do Rio Grande do Sul, desta Capital, com
seus problemas.
Espero
que tenhamos, agora, o apoio e o auxílio deste novo casal de Cidadãos da Cidade
de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Minhas senhoras, meus senhores,
chegamos ao momento mais importante desta Sessão.
Convido o Ver. Clóvis Brum, que concretize o que ele propôs, e esta Casa ratificou, a entrega dos títulos de Cidadão Emérito à Drª Laci Odete Ramos Ughini e ao Sr. Alécio Lângaro Ughini, através dos Diplomas que esta Casa instituiu.
Gostaria
de convidar a todos que assistissem o ato, em pé.
(É
feita a entrega dos Diplomas aos homenageados.)
O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra, neste momento, a nova
Cidadã Emérita de Porto Alegre, Drª Laci Odete Ramos Ughini.
A SRA. LACI UGHINI: Exmo Sr. Antonio Hohlfeldt, muito
digno Presidente desta Mesa, senhoras, senhores, meus amigos aqui presentes.
(Lê.)
“Meus
amigos. A esperança é o começo dos planos do ser humano.
Quando
tinha 7 anos e minha família resolveu mudar para Porto Alegre, saindo de
Erechim, trazia consigo, nada mais do que ‘esperança’.
Na
Capital, a certeza de melhores oportunidades para os filhos em sua educação.
Nos foi dada uma direção e a energia para crescermos como indivíduo. Havia uma
crença no ‘novo’, no ‘amanhã’.
Vinda
de família modesta, com poucos recursos, fui ser normalista, para ter uma
profissão, na qual desde logo, pudesse ajudar na economia da família. Até
então, minha mãe trabalhava dia e noite para custear meus estudos. Graças a
ela, consegui ser professora. Mas, os recursos eram tão poucos, que logo
abandonei a profissão e fui trabalhar em área de vendas, onde, dependendo da
força do trabalho, poderia ganhar mais.
O
destino fez com que encontrasse um homem, que tinha por objetivo, ver o
crescimento dos outros, acima de seus próprios interesses.
Casei
com Alécio e me foi possível retornar imediatamente aos estudos, cursando então
a faculdade de Direito. Mas era preciso demonstrar valor a quem nos havia
ajudado. Assim, tendo meus filhos durante a formação acadêmica, estudava, cuidava
da casa e trabalhava, o que permitiu minha independência econômica.
Conheci,
na faculdade, a carência dos necessitados, e vendo neles minha infância, passei
a atuar na Assistência Judiciária Gratuita. Defini, de plano, que atenderia
apenas aqueles que não tinham condições de contratar os mais renomados
advogados, embora o direito de cada um, fosse igual aos dos mais privilegiados.
Meu
caminho profissional estava traçado. Minha atuação passou a ser na área
trabalhista, onde o binômio – capital/trabalho – é tão diferenciado. Desde
então, já passaram por meu atendimento, mais de vinte mil pessoas, originando
mais de quinze mil ações, todas em defesa do menos favorecidos economicamente,
através de Sindicatos de empregados, ou em meu escritório particular, o que
sempre só me gratificou. Profissionalmente, estava realizada.
Senti,
aos poucos, que era preciso mais do que apenas vencer minhas próprias barreiras
individuais. Era preciso aceitar desafios, que pudessem abrir caminhos para uma
geração, que vinha calcada em hábitos e costumes, onde a mulher carregava o
estigma de que seu lugar era em casa.
Foi aí
que aceitei participar de uma atividade, que até então era exercida só por
homens. Assumi como Auditora de um Tribunal de Justiça Desportiva, ligado a uma
Federação de futebol, onde atuei por 12 anos, 3 dos quais, tive a honra de
estar na Presidência, pela vontade e benevolência de meus pares. Federação
Gaúcha de Futebol, onde desde 1988, exerço a vice-presidência com muito
orgulho.
Foi
assim que estudei e trabalhei, visando o crescimento no próprio aprender, e
mais do que isso, a amar cada ato da vida sem esperar qualquer reconhecimento.
Aprendi a respeitar nos outros, a liberdade que reclamava para mim. E foi assim
que aprendi, que cada um desses atos era minha maior recompensa.
Esta
homenagem que hoje nos está sendo prestada, pela Câmara Municipal de Porto
Alegre, através dos legítimos e mais ilustres representantes de nossa
comunidade, é certamente, a energia que sempre buscamos, na tentativa de
realização. Não profissional, ou por vaidade pessoal, mas sim, como
advertência, para não pararmos em nosso “eu” egoísta. Advertência, da
responsabilidade que cada um de nós deve ter, como parte de uma sociedade.
Ao
ilustre e tão admirado Ver. Clóvis Brum, pessoa que soube carrear para si, a
admiração e o respeito como homem público, ligado aos interesses, sempre
voltados para a comunidade, nosso agradecimento. Obrigada Vereador, por nos
fazer lembrar, que acima de nossos interesses pessoais, temos uma missão a cumprir:
trabalhar, pelo prazer de trabalhar, ajudando ao próximo sem visar recompensa.
O senhor, Ver. Clóvis Brum, através de sua proposição ratificada pelos seus
pares, reanimou nossa imaginação acerca da importância do indivíduo. Fez com
que descobríssemos novos caminhos, embasados no amor para com o próximo, da
mesma forma como sempre trabalhou.
A
esperança de vencer nossas deficiências foi apenas um começo. Mas nossa
gratidão será eterna.
Aos
seus ilustres companheiros desta Casa, que com tanta altivez representam a
sociedade, dando parte de suas vidas em defesa da igualdade e da liberdade; aos
amigos presentes e àqueles, que de uma forma ou outra, nos prestam essa
homenagem e que nos honram com sua amizade; aos nossos colegas; aos familiares
que nos apóiam a cada instante, e a todos aqueles, em quem nos espelhamos para
melhor servir, nosso carinho, nosso profundo respeito, e o eterno agradecimento
por essa manifestação, que servirá como força de motivação básica, para a
continuidade de nossa luta. Muito obrigada.”
(Não revisto pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE:
Concedemos a palavra ao Sr. Alécio.
O SR. ALÉCIO UGHINI: Exmo
Sr. Ver. Antonio Hohlfeldt, muito digno Presidente da Câmara, Srs. Vereadores,
quero citar o nome do Vice-Prefeito Tarso Genro que representa aqui, também, o
Executivo e, citando o nome dele, faço a minha homenagem a todas autoridades,
todos os amigos e familiares aqui presentes. (Lê.)
“Inicio
este meu pronunciamento repetindo versos que balizam meu livre arbítrio:
‘Na
primeira noite eles se aproximam / e roubam uma flor do nosso jardim, / e não
dizemos nada.
Na
segunda noite, já não se escondem, / pisam as flores,/matam nosso cão, / e não
dizemos nada.
Até que
um dia, / o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, / rouba-nos a luz
e, conhecendo nosso medo,/ arranca-nos a voz da garganta, /e já não podemos dizer nada.’
Honrado
com a distinção que a Câmara Municipal me outorga, como Cidadão Emérito de
Porto Alegre, sinto a necessidade de agradecer a esta Cidade pela acolhida
carinhosa com que me gratifica há tantos anos.
Esta é
uma valiosa oportunidade, para que, em público, venha eu reafirmar algumas
convicções pessoais, que, de certa forma, pretende justificar esta homenagem.
Sou um cidadão comprometido com o bem-estar coletivo. Como empresário,
permaneço atento às lutas e reivindicações do comércio, da indústria e da área
de serviços, defendendo-as nas entidades de classe e nos veículos de
comunicação.
Como
porto-alegrense adotivo, continuo voltado às aspirações comunitárias, apoiando
clubes de serviços, entidades empresariais e filantrópicas ou nelas atuando.
Desde estudante fui e continuo sendo um gaúcho plenamente integrado à
comunidade.
Foram
os tempos do Grêmio Estudantil Rosariense; passando pelo Centro Acadêmico de
Direito Maurício Cardoso, da PUC; às voltas com à Associação Comercial de Porto
Alegre; Federasul; Clube dos Diretores Lojistas; Federação das Indústrias;
Federação do Comércio Atacadista; Sindicato dos Lojistas; Sindicato do Comércio
e Armarinhos; Serviço Social do Comércio – SESC; Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial – SENAC; Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa;
Centro de Integração Empresa Escola; e na área esportiva, recebi com orgulho a
medalha de Primeiro Campeão do Brasil, como Vice-Presidente de Finanças do
Sport Club Internacional, nos idos de 1975.
Ao
contrário do que muitos imaginam, minha adesão à vida comunitária jamais teve
qualquer interesse político-eleitoral, embora fosse sumamente honroso
participar das lides político-partidárias.
E, a maior
luta a que me entrego hoje é a defesa de melhores condições de vida para a
classe trabalhadora brasileira, tão desassistida sob qualquer ponto de vista
que possa ser examinado. Neste sentido, como ilustração, lembro, com saudades,
um fato pitoresco e distante há vários calendários. A imprensa do centro do
País noticiava a luta empresarial para elevar o preço do saco de cimento que,
nos termos usados hoje, deveria estar tabelado, com liberdade vigiada ou
monitorado.
Esqueço
os nomes e os detalhes menores, mas sei que veio a vitória, com o beneplácito
do governo: o saco de cimento seria reajustado de três em três meses.
Já o
salário mínimo só era atualizado uma vez por ano, em primeiro de maio. O jornal
publicou o meu revoltado protesto, àquela época, em cujas linhas trazia este
recado: como pode um saco de cimento ser muito mais valorizado que o trabalho
humano? Salário é base de sobrevivência para milhões de pessoas. Para mim,
cometia-se, assim, uma ignomínia. É evidente que meu protesto não influiu na decisão,
mas vi, com prazer, passado pouco tempo, que os salários foram alterados
semestralmente e, logo após, trimestralmente, assim como o saco de cimento.
Hoje,
continuo negando a velha e surrada tese de que o salário é a causa da inflação.
Se o fosse, a inflação brasileira seria negativa, tamanho é o arrocho salarial
dos últimos anos. É supinamente ridículo dizer que 50 ou 60 dólares mensais
sejam os culpados pelo aumento da inflação. É apenas um detalhe, mas não é hora
e local para debater estas teses.
Embora
devo ainda dizer, em apoio ao meu posicionamento, que nós suportamos 70% de
aumento no Fundo de Investimento Social – FINSOCIAL; 90% de redução no prazo
dos Impostos; 100% de aumento nos juros; 100% de aumento nos preços do barril
de petróleo; adaptamo-nos a uma inflação de 1% ao mês da mesma forma como a uma
inflação de 84%.
Resistimos
a tabelamentos, congelamentos, descongelamentos, Superintendência Nacional do
Abastecimento – SUNAB, e Polícia Federal. Mas quando falam em salário, pasmem,
qualquer alteração será o caos, a catástrofe, a hiperinflação, as concordatas,
as falências, enfim, nada mais, nada menos que o dilúvio. Que mistério
insondável! Que tabu odioso, que haveremos de derrubar!
Em
função dessas e de outras posições, muitos associam ao nome de Alécio Ughini
adjetivos como polêmico, contraditório, irônico e agressivo, julgando meu
desempenho social. Aceito um pouco de todos eles, mas posso proclamar, com
satisfação, que meus juízes jamais me acusaram de oportunista, aproveitador ou
demagogo, por tentar beneficiar-me de algumas situações.
Aparentemente
antagônicas, às vezes, algumas posturas minhas, pelo contrário, me trouxeram
mais aflições, desapontamentos e frustrações do que vantagens. Nunca as usei
visando conquista de poder político. Sou sim, um eterno candidato a ser cada
vez mais humano e servir, com mais motivação, à comunidade, da qual sou grande
devedor.
E me
sinto emocionado, portanto, com a honraria que me confere a Câmara de
Vereadores, através de proposição do nobre Ver. Clóvis Brum.
Se
estou unido às lutas comunitárias, não posso deixar de citar outra união muito
importante na minha vida. O casamento com a Laci, há quase 25 anos. Mulher de
empresário e advogada trabalhista, somente de empregados, é uma outra faceta sui
generis do meu perfil, perfeitamente compatível com minha personalidade.
Recebermos
juntos a honra da cidadania porto-alegrense não é, indiscutivelmente, motivo de
uma grande alegria? Daniela e Silvio Neto, meus filhos, devem estar, também,
orgulhosos, perdoando nossas freqüentes ausências no aconchego do lar, pelo
menos nos dias considerados úteis da semana.
Silvio
e Irene, meus pais, agora domiciliados em outra esfera da vida, devem estar
acompanhando esta cerimônia, para nós inesquecível. Sou grato a eles, bem como
aos demais membros de nossa empresa familiar, que geralmente aplaudem, mas, às
vezes, apenas toleram as minhas ausências do meu local de trabalho, única e
exclusiva fonte de meus rendimentos.
Agradecido
a tantos, repiso a certeza de que continuarei apoiando o que penso deva ser
apoiado; criticando o que deva ser criticado e, principalmente, mudando de
opinião, com a maior facilidade e tranqüilidade possível, quando algum
argumento mais forte me for convincente. Não faz parte dos meus princípios
aprovar medidas para agradar, bem como jamais farei esforços para rejeitar
propostas, apenas por interesse pessoal.
Lutarei
sempre para buscar uma fórmula em que o regime, dito capitalista em que
vivemos, refaça alguns critérios, aperfeiçoe certos desenhos característicos da
tal modernidade e reexamine várias de suas coordenadas. Os resultados dos
esforços de todos, nesse sentido, devem convergir para que se conquiste um
pouco mais de dignidade ao sofrido e paciente povo brasileiro.
É,
pois, verdadeiro, que ninguém vai arrancar a voz da minha garganta, como nunca
arrancaram. E estou sempre vigilante, colocando o máximo que puder no mínimo
que fizer, fiel, aliás, ao lema de minha formatura ginasial: põe o máximo que
és, no mínimo que fazes. Passadas décadas, esse lema continua como uma das
diretrizes para minha história individual.
Obrigado,
Ver. Clóvis Brum. Obrigado, nobres Vereadores que apoiaram a proposição.
Obrigado, autoridades e amigos aqui presentes. Eu, pelo menos de minha parte,
não merecia tanto.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Meus
senhores e minhas senhoras, cabe a esta Presidência o encerramento desta Sessão
Solene, pelo fato e pelo conjunto de pessoas que aqui se reúnem, da
representação da sociedade. Mas, é simultaneamente uma sessão de amigos, porque
todos nós, indistintamente das funções que desempenhamos, as desempenhamos
dentro da esfera pública. Por isto me permito duas pequenas reflexões neste
encerramento.
Há nove
anos Vereador nesta Cidade, tenho-me encontrado, sobretudo, com o Dr. Alécio
Ughini em vários momentos de debates, dizia, literalmente, disputas até físicas
no campo das idéias dessa Casa.
Tenho
assistido e acompanhado declarações, posições firmes do nosso homenageado e
jamais vi o Dr. Alécio tremer, jamais vi o Dr. Alécio recuar, mas, hoje, vi o
Dr. Alécio ficar com medo. Nós tínhamos decidido que faríamos esta Sessão no
grande Plenário da Casa e o Alécio chegou para mim, dez minutos antes e disse:
“olha, Presidente, vamos passar para o pequeno, porque não sei se vem muita gente
e fica aquela coisa, estou nervoso”. Então, passamos para cá e, quem sabe lá,
pela primeira vez o Alécio errou, porque a Casa está absolutamente lotada com
os seus amigos, seus conhecidos, e isto prova o acerto da homenagem proposta
pelo Ver. Clóvis Brum, proposta aceita pela Casa.
Por
outro lado, o fato de nós fazermos duas homenagens simultâneas ao casal, também
resolve um outro problema que normalmente enfrentamos no dia-a-dia; como o Dr.
Alécio chega a dizer: ‘pois é, sou conhecido como o marido da Laci”. Ou a Drª
Laci: “Eu sou a mulher do Alécio”. Fica aquela situação complicada, nós temos o
contrário, neste casal, uma situação absolutamente equilibrada e que
inteligentemente o Ver. Clóvis Brum tratou de não desequilibrar por via das
dúvidas. A homenagem mantém este equilíbrio. Este é o primeiro conjunto de
reflexões que eu queria trazer aqui, de caráter mais pessoal aos nossos
homenageados. Mas queria me permitir, minhas Senhoras e meus Senhores, fazer,
também, uma outra reflexão, mais séria, mais importante para todos nós. Muitas
vezes ouvimos acusações e até com razão em torno da corrupção ligada à
política, e, quando ouço isso, penso que onde existe um corrupto existe a
pessoa que corrompe, e eu queria aproveitar a presença de todos os Senhores para,
inclusive, na continuação das reflexões que o meu companheiro Lula trouxe,
naquele dia, na reunião da ADVB e de reflexões que ouvi, agora, aqui, do
Alécio, ouvi das posições da Drª Laci, dizer que não basta nós acusarmos ou
denunciarmos, mas é fundamental que nós nos unamos para tentar exterminar esse
cancro. Eu acredito na política feita com seriedade, com transparência, com
absoluta honestidade, mesmo na disputa mais radical de idéia e de posições, e
acho que, hoje, nesta Casa, isso é absolutamente comprovado em todas as
manifestações que aqui ouvimos. É um momento muito importante em nome deste
País, dos nossos filhos, dos nossos netos, de nós, mais do que fazermos a
denúncia, nós realmente evitarmos não só que tenhamos os corruptos, como
evitarmos que tenhamos também a permanência da corrupção. E a isto que quero
convocar a todos os senhores, nos ajudem, que nós poderemos, juntos, ajudar
também o nosso País, a nossa sociedade.
Agradecemos
as presenças de todos os senhores, sobretudo, porque, na próxima semana, esta
Casa completa 218 anos de vida. Uma Casa da qual eu tenho orgulho de ser parte
humilde e eventualmente Presidente.
Nós
queremos encerrar esta Sessão e homenagear uma vez mais os nossos novos
Cidadãos Eméritos. E encerramos os trabalhos da presente Sessão Solene.
(Levanta-se a Sessão às 18h44min.)
* * * * *