ATA DA VIGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 22.08.1991.

 


Aos vinte e dois dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Sexta Sessão Solene da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega dos Títulos de Cidadãos Eméritos a Alécio Ughini e Laci Ughini, concedidos através do Projeto de Lei do Legislativo n° 34/87 (Processo nº 1710/87). Às dezessete horas e trinta minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancada que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Antonio Hohlfeldt, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor Olívio Dutra, Prefeito Municipal de Porto Alegre; Senhor Flávio Obino, Presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, representando o Senhor Governador do Estado; Senhor Fúlvio Araújo dos Santos, Presidente da Confederação Nacional de Diretores Lojistas; Senhor Marivaldo Tumelero, Presidente do CDL de Porto Alegre; Senhor Zildo de Marchi, Presidente da Federação do Comércio Atacadista; Senhor Alécio Ughini e Senhora Laci Ughini, Homenageados; Vereador Leão de Medeiros, 1º Secretário da Casa. A seguir, o Senhor Presidente pronunciou-se acerca da solenidade e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Clóvis Brum, como proponente da solenidade e em nome das Bancadas do PMDB e PL, falou sobre a vida do Casal Ughini, ressaltando sua atuação junto ao setor lojista de Porto Alegre, e analisando o significado da homenagem hoje prestada por este Legislativo. O Vereador Vieira da Cunha, em nome da Bancada do PDT, cumprimentou o Vereador Clóvis Brum pela iniciativa desta solenidade, ressaltando sua justeza e destacando a atuação do Casal Ughini junto a Sindicatos e Associações da Cidade. O Vereador Clóvis Ilgenfritz, em nome da Bancada do PT, falou da participação dos Homenageados na busca de soluções para os problemas comuns dos porto-alegrenses. Atentou para a importância da união de todos, respeitadas as diferenças, para a saída da crise enfrentada pelo País. O Vereador João Dib, em nome das Bancadas do PDS e do PTB, destacou que, juntamente com a presente homenagem, a Cidade entrega ao Casal Ughini a responsabilidade de continuar trabalhando em prol do desenvolvimento de Porto Alegre. O Vereador Artur Zanella, em nome da Bancada do PFL, discorreu sobre o trabalho de Laci e Alécio Ughini, salientando a política sempre por eles seguida no referente às relações de trabalho. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou a todos para, de pé, assistirem à entrega, pelo Vereador Clóvis Brum, dos Diplomas referentes aos Títulos de Cidadãos Eméritos aos Senhores Alécio e Laci Ughini, concedendo, a seguir, a palavra aos Homenageados, que agradeceram os Títulos recebidos. Durante a Sessão, o Senhor Presidente registrou as presenças, no Plenário, dos Senhores Oscar Antunes de Oliveira, Diretor da Associação Comercial e Federasul; João Antonio Dalmas, Conselheiro do SENAC; João Telmo Dias, Vice-Presidente do Sindicato dos Advogados; Alberto Kraemmerer; Ernesto Keller Filho, ex-Vice-Prefeito de Carazinho e atual Vice-Presidente da Federasul; Maximiliam Washeiner, representando o Sindicato de Compra e Venda de Imóveis; Carlos Emílio, Presidente da Federação do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Rio Grande do Sul; Manoel Pedro Reis, representando a Junta Comercial; Jorge Luiz Cunha, Presidente do Serviço de Proteção ao Crédito; Heitor Kraemer, Diretor do Grupo RBS; Wilson Müller, representando a Companhia Riograndense de Turismo; Tarso Genro, Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre; Irmão Faustino João, representando a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; José Augusto Climam, Presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas; Antonio Paris, Presidente do Instituto da Família; Adão Silva, Presidente Regional do Partido Democrata Cristão; João Carlos Cavalheiro Nedel, representando a Associação dos Bancos do Estado do Rio Grande do Sul; ex-Vereador Frederico Barbosa; Vereador Kalil Seibe, representando a Câmara Municipal de Caxias do Sul; ex-Vereador Pedro Ruas; Senhoras Daniela da Silva Netto; Antonieta Barone; representantes da Federação do CDL do Rio Grande do Sul e do Sindilojas e Filhos do Casal homenageado. E registrou, ainda, recebimento de correspondência relativa ao evento dos Senhores Sérgio Quezini, da Pena Branca; Hugo Betti, Diretor-Presidente da Agapê – Indústira de Alimentação; Emídio Perone, Presidente da Federação Gaúcha de Futebol; Paulo Renato de Souza, Parkes Informática; Carlos Willi Engels, Vice-Presidente Técnico da Varig; Antonio Soares de Barros Neto, da Casa Dico; Claúdio Erbeli e Esposa; Frederico e Nora Lang; Luiz Carlos Mello; J. Mello Pedreira; Deputado Luiz Roberto Ponte; Vereador Seibbe Neto; Irmão Faustino João e da Senhora Rosana. A seguir, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e quarenta e quatro minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Antonio Hohlfeldt e secretariados pelo Vereador Leão de Medeiros. Do que eu, Leão de Medeiros, 1° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a homenagear com os títulos de Cidadãos Eméritos a Alécio Ughini e Laci Ughini, conforme proposição do nobre Ver. Clóvis Brum.

Falarão, nesta tarde, os Srs. Vereadores Clóvis Brum, autor do Projeto, em nome das Bancadas do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB e do Partido Liberal – PL; Ver. Vieira da Cunha pela Bancada do Partido Democrático Trabalhista – PDT; Ver. Clovis Ilgenfritz pela Bancada do Partido dos Trabalhadores – PT; Ver. João Dib, pelas Bancadas do Partido Democrático Social – PDS e Partido Trabalhista Brasileiro – PTB; Ver. Lauro Hagemann pela Bancada do Partido Comunista Brasileiro – PCB e Ver. Artur Zanella pela Bancada do Partido da Frente Liberal - PFL.

Queremos mencionar entre muitos convidados, autoridades, amigos aqui presentes, o Sr. Oscar Antunes de Oliveira, Diretor da Associação Comercial e Federação das Associações Comerciais do Estado do Rio Grande do Sul – Federasul; os filhos do casal homenageado, Daniela da Silva Netto; Irmão Faustino em representação da Pontifícia Universidade Católica – PUC, Sr. Wilson Noër da Federação da Câmara de Dirigentes Lojistas – CDL do Rio Grande do Sul; o ex-Vereador Frederico Barbosa; Sr. João Antônio Dalmas, Conselheiro do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC; Vice-Prefeito Tarso Genro; Ver. Kalil Sehbe, representando a Câmara Municipal de Caxias do Sul; Sr. João Telmo Dias, Vice-Presidente do Sindicato dos Advogados do Rio Grande do Sul, enfim, uma série de convidados que vamos mencionar ao longo desta Sessão.

As Sessões Solenes de entrega de títulos da Câmara Municipal, por vezes discutidas, têm os seus momentos de reconhecimento, de importância, de avaliação clara, exatamente momentos como este, quando reunimos diferentes representantes da comunidade, quando temos determinados homenageados que efetivamente mobilizam a opinião pública e mobilizam os diferentes segmentos. Portanto, é uma honra a Casa receber a todos os senhores nesta Sessão, e, de início, concedemos a palavra ao nobre Vereador Clóvis Brum, autor da proposição, que falará pela sua própria Bancada, o PMDB, e a Bancada do PL, na representação do Ver. Wilson Santos.

Com a palavra o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Exmo Ver. Antonio Hohlfeldt, Presidente da Casa, Exmo Prefeito Olívio Dutra, meus queridos amigos e Cidadãos Eméritos de Porto Alegre Alécio e Laci Ughini, familiares do casal homenageado, meus senhores e minhas senhoras. Na verdade, o protocolo dirige que o discurso deva ser escrito. Mas eu me confesso um péssimo leitor e escrever o quê? Se tivéssemos que fazer um discurso escrito para homenagear, para dizer das virtudes desse notável casal, por certo 100 ou 1000 páginas seriam insuficientes. Meu caro Alécio e minha querida Drª Laci, se não fosse pela unanimidade dos Vereadores que honraram a nossa proposição na aprovação da matéria, eu diria que, pela presença dos seus amigos, dos seus familiares que lotam esta Casa, nesta tarde, por si já se engalanou de triunfos. E o silêncio dos Senhores, que gesto generoso para um discurso empobrecido, mas que transmite da alma, do coração, aquilo que vivemos nesta tarde memorável na Casa do Povo de Porto Alegre. Tecer sobre as virtudes e sobre o currículo dos homenageados, talvez o meu sucessor, na tribuna, ilustre Ver. Vieira da Cunha, brilhante e eloqüente, pelo carinho e pelo companheirismo que tem, no dia-a-dia, na TV Guaíba com a Drª Laci, por certo o fará. E, logo após, o discurso da representação do Partido dos Trabalhadores que tem, nesta Casa, um grupo de homens voltados para os mais altos interesses da Cidade, falará um homem não menos preparado, conhecedor da vida da Cidade. Refiro-me ao Ver. Clovis Ilgenfritz. E, se não fossem esses dois, um ex-Prefeito da Cidade, João Antonio Dib, amigo de Alécio há muitos anos, por certo melhor do que eu haverá de transmitir as virtudes deste, repito, notável casal. Após, falará um Vereador que conhece o casal há muitos anos, eu diria Vereador exemplar pela sua postura, pela sua seriedade. Estou a me referir ao Ver. Lauro Hagemann. E, finalmente, falará um dos tantos amigos do casal, Ver. Artur Zanella. Portanto, meus Senhores e minhas Senhoras, acredito que a aprovação desse projeto que apresentamos à consideração dos nossos ilustres Companheiros, a unanimidade da sua aceitação fala mais alto do que as nossas palavras. A vida de Alécio e de Laci todos conhecemos, porque a Cidade conhece, porque o Rio Grande conhece. Casal que formou a sua vida, juntos, exatamente 10 dias depois que eu casava. Casavam eles no dia 17 de julho de 1967, casei-me no dia 7 de julho de 1967. Bastante tempo, não o suficiente para que Alécio deixasse de continuar sendo aquele grande comandante, aquele homem de um só querer. Antes morrer do que volver, diria Lourival Fontes. Laci Ughini, a primeira mulher Presidenta de Tribunal de Justiça Desportiva, do Brasil. Sem dúvida alguma, Dr. Alécio e Drª Laci, no dia 17 de um longínquo julho de 1967, os Senhores ingressavam na vida que sonora, que festiva os convocava e os arrastava para a luta que fremente os convocava, luta da qual e de cujo exemplo os nossos antepassados contribuíram para o desenvolvimento da nossa província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Quando vejo que a Câmara de Porto Alegre reúne a comunidade da Capital e do Interior do Rio Grande do Sul, os representantes dos lojistas do Brasil e de Porto Alegre, por certo estávamos no caminho correto quando apresentávamos a nossa proposição de homenagear este casal. As qualidades, as virtudes que fizeram no trâmite do Projeto, o Projeto tramita em várias Comissões até chegar em Plenário, não houve argumentação do autor. Argumentação mais forte do autor é o exemplo de vida, de dedicação, de carinho desse casal. Ele, vindo lá de Tapejara, e ela de Erechim, e, aqui chegando, participaram da pujança da nossa Cidade, do desenvolvimento da nossa Capital.

Eu diria Dr. Alécio e Drª Laci, das poucas coisas boas que a vida tem me oferecido, posso lhes garantir, esta é uma das boas coisas que colho na minha existência.

Quando não mais estivermos nesta Casa, nós teremos a certeza de que, entre as nossas Proposições, esta foi uma das que reuniu os amigos de um casal, por quem aprendi apreciar, a admirar e até a invejar.

Dizia a minha Drª Laci Ughini: as atividades do Alécio e as minhas têm feito com que nos encontremos à madrugada. Pois posso dizer também, Dr. Alécio e Drª Laci, as nossas atividades muitas vezes nos levam à madrugada para o convívio da nossa família.

Vinte e quatro anos se passaram, poucos dias depois de ter completado vinte e quatro anos desta querida união, sem qualquer planejamento, a Câmara se reúne para prestar esta significativa homenagem a este casal maravilhoso. E, a esta homenagem, se somam os carinhos dos seus amigos. Sem dúvida alguma, nós estamos felizes, a Casa do Povo está feliz. Dr. Alécio e Drª Laci, a Câmara, os Vereadores de Porto Alegre não fizeram outra coisa se não prestar uma homenagem merecida e tributar-lhes a cidadania que esta Cidade já lhes devia. Os Senhores são, a partir de hoje, Cidadãos, não mais só de Tapejara e de Erechim, mas de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul.

Nossas homenagens, as homenagens do PMDB, através do Ver. Airto Ferronato, e as homenagens do Partido Liberal, através do Ver. Wilson Santos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar a presença dos Vereadores Nereu D’Ávila, Omar Ferri, Airto Ferronato, Vicente Dutra e Ervino Besson. Também do ex-Vereador Pedro Ruas; Srª Antonieta Barone; Sr. Alberto Kraemmerer, que, nesta semana, foi homenageado como Cidadão de Porto Alegre; Augusto, Vice-Presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre – Sindilojas; Ernesto Keller Filho, ex-vice-Prefeito de Carazinho e atual vice-Presidente da Federasul; Sr. Maximiliano Weissheimer, representando o Sindicato de Compra e Venda de Imóveis; Sr. Carlos Emílio, Presidente da Federação do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado Rio Grande do Sul.

Passamos a palavra ao Ver. Vieira da Cunha, que falará pela Bancada do Partido Democrático Trabalhista.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Exmo Sr. Ver. Antonio Hohlfeldt, Presidente desta Casa; Exmo Sr. Prefeito Olívio Dutra; meus colegas Vereadores; familiares e amigos do casal homenageado, Laci Ughini e Alécio Ughini, homenageados de hoje; minhas            senhoras e meus senhores. (Lê.)

“Em primeiro lugar, permitam-me cumprimentar o Ver. Clóvis Brum pela feliz iniciativa em propor a esta Casa os títulos de Cidadãos de Porto Alegre ao casal Laci e Alécio Ughini e, portanto, oportunizar à Cidade, através de seus legítimos representantes, a prestação desta justa e merecida homenagem.

Quero, também, agradecer ao Ver. Nereu D’Ávila, Líder da minha Bancada, pela indicação que fez do meu nome para representar o PDT, nesta solenidade e dizer que, com muito prazer, falo também em nome do Ver. Omar Ferri.

Sinto-me honrado e feliz com esta oportunidade. Feliz porque tenho uma grande admiração pessoal pelo casal Ughini. Gosto de pessoas que, como eles, têm a marca de autenticidade. Que têm fibra, que dão exemplo de capacidade de luta. São líderes. Liderança conquistada pela participação destacada em Associações, Sindicatos e Federações.

Ousaria dizer, Ver. Clóvis Brum, que V. Exª apenas formaliza hoje, com a entrega desses títulos, o que Laci e Alécio já conquistaram, no dia-a-dia das suas vidas: o reconhecimento da Cidade à imprescindível e inestimável contribuição ao seu desenvolvimento que dão pessoas como eles, que exercem, na plenitude, a sua cidadania.

Ah, se todos fossem assim. Se todos tivessem essa consciência, essa participação social, esse engajamento, tenho absoluta convicção de que viveríamos em uma sociedade muito melhor.

Aliás, essa identidade que tenho com o casal Ughini tem muito a ver com esse sentimento. Sentimento de indignação com as profundas desigualdades sociais a que estamos submetidos.

Militando na Justiça do Trabalho, Laci convive diariamente com o drama de milhares de trabalhadores que são privados da fonte de sustento de suas famílias. Como empresário, também, Alécio conhece como ninguém esta realidade.

Têm consciência, ambos, da inadiável necessidade que temos de promover a justiça social em nosso País. E contribuem, cada um na sua área de atuação, para que este objetivo seja alcançado.

Laci Ughini é destaque na advocacia trabalhista, no esporte e nas comunicações. Há um ano com ela convivo diariamente no Programa Flávio Alcaraz Gomes Repórter, na TV Guaíba, quando expressamos nossos pontos-de-vista sobre os mais variados assuntos. Quase sempre convergimos. Não por mera coincidência, mas porque nos une a consciência das profundas transformações que deve sofrer o nosso Brasil em busca de um novo modelo econômico-social que não continue a marginalizar a grande maioria da população do processo de desenvolvimento.

Alécio Ughini é destaque no meio empresarial. Por suas posições claras e definidas, conquistou o respeito de todos os gaúchos e alcançou projeção nacional. Alécio é daqueles empresários profundamente impregnados do social. Inteligente, dinâmico e com ímpar capacidade de expressão, sabe identificar como poucos as verdadeiras causas das dificuldades do crescimento econômico e social do País. Seus posicionamentos lúcidos fazem-no merecedor de credibilidade e admiração da nossa sociedade, em seus mais variados segmentos.

Enfim, mais do que Laci e Alécio Ughini, Porto Alegre está de parabéns por ter entre os seus cidadãos ilustres pessoas de tantas qualidades e de tantos serviços prestados à sua comunidade.

Parabéns, Laci.

Parabéns, Alécio.

Parabéns, Porto Alegre. Muito obrigado.”

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças do Sr. Manoel Pedro Reis, representando a Junta Comercial; do Sr. Jorge Luiz Cunha, Presidente do Serviço de Proteção ao Crédito – SPC; registramos, igualmente, telex e telegramas recebidos do Sr. e Srª Cláudio Erbeli; Ver. Kalil Sehbe Neto e esposa, nome pessoal de Rosana; também do Sérgio Quezini da Pena Branca; Sr. Hugo Betti, Diretor-Presidente AGAPÊ Indústria de Alimentação; do Sr. Emídio Peronde, Presidente da Federação Gaúcha de Futebol; Paulo Renato de Souza, PARKS Informática; Nora e Frederico Lang; Luiz Carlos Mello; Carlos Willy Engels, Vice-Presidente Técnico da Viação Aérea Rio-Grandense – Varig; Irmão Faustino João, da Reitoria da Universidade Católica do Rio Grande do Sul; J. Mello Pedreira, que passo as mãos da Drª Laci Ughini para que os guarde.

Passamos a palavra ao Ver. Clovis Ilgenfritz, que falará pela Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Ver. Antonio Hohlfeldt, Presidente da Mesa e da Casa, Srs. Vereadores, Senhoras, familiares do ilustre casal homenageado, Dona Laci e Alécio Ughini.

Eu quero começar esta nossa manifestação, em nome da nossa Bancada do Partido dos Trabalhadores, dos nossos 9 Vereadores e mais os 2 ou 3 Suplentes que seguidamente assumem, aqui, o mandato, testemunhando a todos os senhores e senhoras e, em especial, o Alécio e a Dona Laci, que nós os consideramos nossos amigos e que temos, nesta trajetória dos últimos anos, do nosso Partido, tentado vender uma proposta e que, por muito tempo, foi difícil de ser aceita por muita gente, inclusive por umas lideranças maiores do setor empresarial brasileiro que, em determinado momento, disseram que se Lula ganhasse a eleição iriam para o exterior. E certamente uma das primeiras pessoas do mundo empresarial que se colocou de forma tranqüila, aberta e transparente, não do nosso lado, mas nos ouvindo, dando atenção para aquilo que se dizia, foi o Sr. Alécio Ughini, um representante, dos mais legítimos, do setor empresarial no nosso Estado e de nosso País, sua esposa que trabalha como advogada, brilhante, e também no setor empresarial e na comunicação. Ele nunca disse que iria embora, e teve um gesto de desprendimento, e, diria, de audácia, junto aos empresários brasileiros no segundo turno das eleições, em 1989, quando ele foi um dos primeiros a dizer, nós vamos apoiar o fulano, porque entendemos que ele está falando com transparência, com seriedade, embora não tenhamos as identidades ideológicas ou políticas de uma forma completa, ou até parcial. Mas o empresário Alécio Ughini também nos deixou à vontade na Prefeitura, estava recém chegando na Secretaria do Planejamento e instituímos um plano, porque não tinha dinheiro, e não tinha mesmo, e instituímos o plano chamado SOS Porto Alegre, que ia para todas as vilas, com uma turma de operários das mais diversas Secretarias fazer um trabalho que não necessitasse de dinheiro, mas que utilizasse o melhor possível a mão-de-obra. E lembro, numa noite, estávamo-nos deparando com um fato, parece até ridículo para uma Prefeitura de uma Capital, que deveria ter recursos para essas coisas, mas tínhamos que fazer uma camiseta para identificar o pessoal que iria invadir as vilas para tentar fazer alguma coisa, já que, por enquanto, não dá para fazer o que, felizmente, hoje, estamos conseguindo fazer, telefonei e ele disse: o que tu queres? Eu quero umas 200 ou 300 camisetas, ele prontamente conseguiu as camisetas e o SOS teve a participação do Ughini, da sua firma. E nós não ficamos devendo nada para ele, nem ele pediu nada em troca. Foi uma relação com a Cidade que ele estabeleceu, foi uma relação madura, adulta, de quem está fazendo o máximo para acertar, cada um na sua trincheira, no seu local de trabalho, tentando dignificar a vida, e nós sentimos isso; eu não tenho dúvida em homenagear o empresário Alécio Ughini e sua esposa como Cidadãos Eméritos, nós não temos, principalmente, quando o mundo se depara com problemas enormes, neste momento. E nós assistimos, agora, este fenômeno da volta de Gorbachev ao poder, da visão que nós defendemos de um mundo em que, com o socialismo, precisa existir a democracia, e precisa reconhecer o pluralismo da sociedade; o mundo em que se vive hoje deve conviver e procurar as saídas, e quero crer que o casal já deu inúmeras demonstrações de que entende assim também a coisa; sem abrir mão dos seus princípios, das suas posições ideológicas, filosóficas, religiosas, enfim. Dizia o Lula há dois dias aqui, num encontro da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil – ADVB – com ilustres empresários representativos do nosso Estado, “nosso País é uma nau sem rumo”, mas ele não ficou por aí, ele disse imediatamente, “a saída da crise é a união, respeitadas as posições e as necessidades sociais, a saída da crise é a união”. Ele citou inúmeros números sobre as nossas estatísticas e a situação de defasagem da indústria, da tecnologia, em todos os setores, o Brasil com 10, 20, 30 anos de defasagem com o resto do mundo. E, sempre que essas coisas apareciam no discurso do Lula, eu lembrava de pessoas como Alécio Ughini, esse não queria que fosse assim, esse quer mudar, quer ser atual, moderno, progressista e é isso que precisamos. Então, eu acho que esta homenagem a Alécio Ughini e Dona Laci não vem por acaso, é unânime pelos Vereadores desta Casa e é do povo de Porto Alegre, que nós representamos, ele que nos corrija se estivermos errados. Mas, eu quero dizer, sinceramente, em nome do Partido dos Trabalhadores, que nós acreditamos em pessoas que queiram, assim como nós, construir um mundo melhor, e por isso o reconhecimento venha de que extrato social vier, com que ideologia tiver, mas que seja realmente transparente, honesto e que queria sinceramente transformar são nossos amigos e é por isso que eu tentei fazer aqui esta homenagem também em nome do PT e o nosso abraço a todos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos ainda registrar as presenças do Sr. Heitor Kraemer, da Diretoria do Grupo RBS; Jornalista Wilson Müller, da Companhia Rio-grandense de Turismo; telegramas do Dep. Luiz Roberto Ponte e da Casa Dico, firmado pelo Sr. Presidente Antônio Soares de Barros Netto.

Passamos a palavra ao Ver. João Dib, que falará em nome do PDS e do PTB.

 

O SR. JOÃO DIB: Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal, nossos queridos homenageados Laci e Alécio Ughini; familiares e amigos do Alécio e da Laci; Srs. Vereadores; meus senhores e minhas senhoras, nós diríamos que estamos vivendo uma Sessão Solene no momento em que a contração é trabalho, a seriedade e a solidariedade para com a coletividade e também da coletividade para com os homenageados faz com que estejamos aqui reunidos.

O poeta grego Eurípedes disse que a primeira condição para a felicidade e a alegria de uma mulher ou de um homem é nascer em uma cidade famosa. É claro que no tempo de Eurípedes não tinha a Câmara Municipal, a Câmara Municipal para reconhecer os valores, reconhecendo qualidades, apostando no trabalho, dizer que mais importante do que nascer na cidade famosa era ser reconhecido na cidade famosa, era ser homenageado pela cidade famosa, isto faria a mulher e o homem mais felizes. E a Laci e o Alécio vieram de outras cidades do interior, como a maioria de todos nós também viemos de outras cidades do interior, encontraram aqui oportunidade de se doarem, de fazer com que muitas coisas boas ocorressem pela participação muitas vezes anônima e outras vezes declarada. Mas sempre, através do trabalho, através da seriedade, através da solidariedade, buscando fazer com que esta Cidade fosse um pouco melhor. E hoje esta Cidade orgulhosamente lhes dá o título de Cidadãos Eméritos. Poderia parar aqui, mas não Laci e Alécio, a responsabilidade que vocês estão recebendo agora, que lhes está sendo outorgada juntamente com o título, é que vocês terão que trabalhar mais, vocês terão que fazer mais, porque esta Cidade, através dos seus Vereadores, está a lhes dizer o que vocês fizeram foi muito bom, mas nos deu a convicção que vocês são capazes de fazer mais. Então, vocês levam, também, a responsabilidade agora de receber a solidariedade de todos nós e de muitos que aqui não estão, de continuar trabalhando sem cansar, porque um dos grandes perigos da atualidade que nós vivemos é o cansaço dos bons, e vocês foram escolhidos como bons, porque a população da Cidade, através dos seus Vereadores, disse isto, e esta responsabilidade de ser bom vocês terão. E terão por muito tempo, porque nós queremos vocês por muito tempo na nossa Porto Alegre querida, na Porto Alegre de todos nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças do Sr. José Augusto Climam, Presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas; Sr. Antonio Paris, Presidente do Instituto da Família; Adão Wohlf da Silva, Presidente Regional do Partido Democrata Cristão; João Carlos Cavalheiro Nedel, representando a Associação dos Bancos do Estado do Rio Grande do Sul.

Com a palavra o Ver. Artur Zanella, que falará pela Bancada do Partido da Frente Liberal.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Ver. Antonio Hohlfeldt, Srs. Vereadores, Senhor, Senhoras e queridos homenageados.

Eu cheguei um pouco atrasado a esta Sessão. Os Senhores devem compreender que não está fácil, hoje, ser o único representante do PFL no Legislativo de Porto Alegre. Tem sido um dia movimentado, mas fiz o possível para vir aqui dar o meu abraço a este casal.

Eu me sinto, e os que aqui foram candidatos, ou são candidatos, ou são políticos, como aquele orador de comício, que é o último a falar ou penúltimo, e que tudo já foi dito, só está-se esperando a palavra dos homenageados para encerrar com chave de ouro a Solenidade. E uma das formas de fazer um discurso sem problema, um discurso comprido, é ler o currículo dos homenageados. Às vezes esta leitura do currículo dura pouco, a do Alécio e da Drª Laci demoraria muito e eu não vou fazê-lo. Trouxe-me a curiosidade, somente eu lendo o currículo do Alécio, entre tantas atividades, descobri que ele foi conselheiro do Conselho de Tráfego do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem. A outra, essa eu conheço muito bem, era o seu trabalho, vice-Presidente nas atividades do Internacional numa época muito alegre para ele, para mim. Evidentemente, não destacarei devido a presença, como representante do Sr. Governador do Estado, do Dr. Flávio Obino. Não deve ter lembranças muito boas daquela época!

E do currículo da Drª Laci Ughini, eu tiro uma das coisas mais importantes que já vi na biografia de uma pessoa. Em 1984, quando assinei junto com o Ver. Clóvis Brum este Projeto, praticamente todos os Vereadores assinaram esta Proposição do Ver. Clóvis Brum, a Drª Laci Ughini tinha participado de mais de 15 mil ações na Justiça do Trabalho. Eu fico imaginando o que é tratar de 15 mil casos na Justiça do Trabalho. O que é isso nas relações das pessoas com a sua comunidade, ainda mais, como informa este currículo, que a Drª Laci sempre, e na maioria das vezes, representou o Sindicato dos Empregados e não dos Empregadores e ficou sempre, imagino, naquela angústia de tentar fazer o melhor e combater aquilo que sempre chamo de bom combate. Assim como o Alécio sempre combateu.

Um amigo, dizia-me hoje, o Ver. Frederico Barbosa, que se encontra presente: “Mas tu brigas tanto com o Ughini e vai fazer o possível hoje para homenageá-lo”. Eu digo que sim, como adversário do Dr. Ughini, em alguns aspectos, alguns assuntos polêmicos, tive o prazer de encontrar nele uma pessoa bem-humorada, uma pessoa inteligente, que nunca transferiu para os seus problemas não profissionais mas societários, como dirigente de empresa, nenhuma de suas convicções pessoais como uma arma contra aqueles que, num determinado assunto, naquele determinado momento, não concordavam com ele. Tenho o máximo prazer de registrar a honra desta Casa, hoje, nesta entrega deste Prêmio.

Por isso, em breves palavras, quero dizer, como já foi dito aqui, isto não é uma aposentadoria, Dr. Ughini, Drª Laci, é o ingresso num outro momento da vida das pessoas, que é ter o reconhecimento de uma Cidade para um casal que sempre trouxe orgulho para esta Cidade e que nos dá, hoje, esta grande honra, esta grande satisfação de pertencer como cidadão a uma Capital como Porto Alegre.

Também vim do interior, como a maioria dos que aqui estão, dos Vereadores. E sei como é difícil enfrentar a maior cidade do Rio Grande do Sul, desta Capital, com seus problemas.

Espero que tenhamos, agora, o apoio e o auxílio deste novo casal de Cidadãos da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Minhas senhoras, meus senhores, chegamos ao momento mais importante desta Sessão. 

Convido o Ver. Clóvis Brum, que concretize o que ele propôs, e esta Casa ratificou, a entrega dos títulos de Cidadão Emérito à Drª Laci Odete Ramos Ughini e ao Sr. Alécio Lângaro Ughini, através dos Diplomas que esta Casa instituiu.

Gostaria de convidar a todos que assistissem o ato, em pé.

 

(É feita a entrega dos Diplomas aos homenageados.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra, neste momento, a nova Cidadã Emérita de Porto Alegre, Drª Laci Odete Ramos Ughini.

A SRA. LACI UGHINI: Exmo Sr. Antonio Hohlfeldt, muito digno Presidente desta Mesa, senhoras, senhores, meus amigos aqui presentes. (Lê.)

“Meus amigos. A esperança é o começo dos planos do ser humano.

Quando tinha 7 anos e minha família resolveu mudar para Porto Alegre, saindo de Erechim, trazia consigo, nada mais do que ‘esperança’.

Na Capital, a certeza de melhores oportunidades para os filhos em sua educação. Nos foi dada uma direção e a energia para crescermos como indivíduo. Havia uma crença no ‘novo’, no ‘amanhã’.

Vinda de família modesta, com poucos recursos, fui ser normalista, para ter uma profissão, na qual desde logo, pudesse ajudar na economia da família. Até então, minha mãe trabalhava dia e noite para custear meus estudos. Graças a ela, consegui ser professora. Mas, os recursos eram tão poucos, que logo abandonei a profissão e fui trabalhar em área de vendas, onde, dependendo da força do trabalho, poderia ganhar mais.

O destino fez com que encontrasse um homem, que tinha por objetivo, ver o crescimento dos outros, acima de seus próprios interesses.

Casei com Alécio e me foi possível retornar imediatamente aos estudos, cursando então a faculdade de Direito. Mas era preciso demonstrar valor a quem nos havia ajudado. Assim, tendo meus filhos durante a formação acadêmica, estudava, cuidava da casa e trabalhava, o que permitiu minha independência econômica.

Conheci, na faculdade, a carência dos necessitados, e vendo neles minha infância, passei a atuar na Assistência Judiciária Gratuita. Defini, de plano, que atenderia apenas aqueles que não tinham condições de contratar os mais renomados advogados, embora o direito de cada um, fosse igual aos dos mais privilegiados.

Meu caminho profissional estava traçado. Minha atuação passou a ser na área trabalhista, onde o binômio – capital/trabalho – é tão diferenciado. Desde então, já passaram por meu atendimento, mais de vinte mil pessoas, originando mais de quinze mil ações, todas em defesa do menos favorecidos economicamente, através de Sindicatos de empregados, ou em meu escritório particular, o que sempre só me gratificou. Profissionalmente, estava realizada.

Senti, aos poucos, que era preciso mais do que apenas vencer minhas próprias barreiras individuais. Era preciso aceitar desafios, que pudessem abrir caminhos para uma geração, que vinha calcada em hábitos e costumes, onde a mulher carregava o estigma de que seu lugar era em casa.

Foi aí que aceitei participar de uma atividade, que até então era exercida só por homens. Assumi como Auditora de um Tribunal de Justiça Desportiva, ligado a uma Federação de futebol, onde atuei por 12 anos, 3 dos quais, tive a honra de estar na Presidência, pela vontade e benevolência de meus pares. Federação Gaúcha de Futebol, onde desde 1988, exerço a vice-presidência com muito orgulho.

Foi assim que estudei e trabalhei, visando o crescimento no próprio aprender, e mais do que isso, a amar cada ato da vida sem esperar qualquer reconhecimento. Aprendi a respeitar nos outros, a liberdade que reclamava para mim. E foi assim que aprendi, que cada um desses atos era minha maior recompensa.

Esta homenagem que hoje nos está sendo prestada, pela Câmara Municipal de Porto Alegre, através dos legítimos e mais ilustres representantes de nossa comunidade, é certamente, a energia que sempre buscamos, na tentativa de realização. Não profissional, ou por vaidade pessoal, mas sim, como advertência, para não pararmos em nosso “eu” egoísta. Advertência, da responsabilidade que cada um de nós deve ter, como parte de uma sociedade.

Ao ilustre e tão admirado Ver. Clóvis Brum, pessoa que soube carrear para si, a admiração e o respeito como homem público, ligado aos interesses, sempre voltados para a comunidade, nosso agradecimento. Obrigada Vereador, por nos fazer lembrar, que acima de nossos interesses pessoais, temos uma missão a cumprir: trabalhar, pelo prazer de trabalhar, ajudando ao próximo sem visar recompensa. O senhor, Ver. Clóvis Brum, através de sua proposição ratificada pelos seus pares, reanimou nossa imaginação acerca da importância do indivíduo. Fez com que descobríssemos novos caminhos, embasados no amor para com o próximo, da mesma forma como sempre trabalhou.

A esperança de vencer nossas deficiências foi apenas um começo. Mas nossa gratidão será eterna.

Aos seus ilustres companheiros desta Casa, que com tanta altivez representam a sociedade, dando parte de suas vidas em defesa da igualdade e da liberdade; aos amigos presentes e àqueles, que de uma forma ou outra, nos prestam essa homenagem e que nos honram com sua amizade; aos nossos colegas; aos familiares que nos apóiam a cada instante, e a todos aqueles, em quem nos espelhamos para melhor servir, nosso carinho, nosso profundo respeito, e o eterno agradecimento por essa manifestação, que servirá como força de motivação básica, para a continuidade de nossa luta. Muito obrigada.”

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Sr. Alécio.

 

O SR. ALÉCIO UGHINI: Exmo Sr. Ver. Antonio Hohlfeldt, muito digno Presidente da Câmara, Srs. Vereadores, quero citar o nome do Vice-Prefeito Tarso Genro que representa aqui, também, o Executivo e, citando o nome dele, faço a minha homenagem a todas autoridades, todos os amigos e familiares aqui presentes. (Lê.)

“Inicio este meu pronunciamento repetindo versos que balizam meu livre arbítrio:

‘Na primeira noite eles se aproximam / e roubam uma flor do nosso jardim, / e não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem, / pisam as flores,/matam nosso cão, / e não dizemos nada.

Até que um dia, / o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, / rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo,/ arranca-nos a voz da garganta,  /e já não podemos dizer nada.’

Honrado com a distinção que a Câmara Municipal me outorga, como Cidadão Emérito de Porto Alegre, sinto a necessidade de agradecer a esta Cidade pela acolhida carinhosa com que me gratifica há tantos anos.

Esta é uma valiosa oportunidade, para que, em público, venha eu reafirmar algumas convicções pessoais, que, de certa forma, pretende justificar esta homenagem. Sou um cidadão comprometido com o bem-estar coletivo. Como empresário, permaneço atento às lutas e reivindicações do comércio, da indústria e da área de serviços, defendendo-as nas entidades de classe e nos veículos de comunicação.

Como porto-alegrense adotivo, continuo voltado às aspirações comunitárias, apoiando clubes de serviços, entidades empresariais e filantrópicas ou nelas atuando. Desde estudante fui e continuo sendo um gaúcho plenamente integrado à comunidade.

Foram os tempos do Grêmio Estudantil Rosariense; passando pelo Centro Acadêmico de Direito Maurício Cardoso, da PUC; às voltas com à Associação Comercial de Porto Alegre; Federasul; Clube dos Diretores Lojistas; Federação das Indústrias; Federação do Comércio Atacadista; Sindicato dos Lojistas; Sindicato do Comércio e Armarinhos; Serviço Social do Comércio – SESC; Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC; Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa; Centro de Integração Empresa Escola; e na área esportiva, recebi com orgulho a medalha de Primeiro Campeão do Brasil, como Vice-Presidente de Finanças do Sport Club Internacional, nos idos de 1975.

Ao contrário do que muitos imaginam, minha adesão à vida comunitária jamais teve qualquer interesse político-eleitoral, embora fosse sumamente honroso participar das lides político-partidárias.

E, a maior luta a que me entrego hoje é a defesa de melhores condições de vida para a classe trabalhadora brasileira, tão desassistida sob qualquer ponto de vista que possa ser examinado. Neste sentido, como ilustração, lembro, com saudades, um fato pitoresco e distante há vários calendários. A imprensa do centro do País noticiava a luta empresarial para elevar o preço do saco de cimento que, nos termos usados hoje, deveria estar tabelado, com liberdade vigiada ou monitorado.

Esqueço os nomes e os detalhes menores, mas sei que veio a vitória, com o beneplácito do governo: o saco de cimento seria reajustado de três em três meses.

Já o salário mínimo só era atualizado uma vez por ano, em primeiro de maio. O jornal publicou o meu revoltado protesto, àquela época, em cujas linhas trazia este recado: como pode um saco de cimento ser muito mais valorizado que o trabalho humano? Salário é base de sobrevivência para milhões de pessoas. Para mim, cometia-se, assim, uma ignomínia. É evidente que meu protesto não influiu na decisão, mas vi, com prazer, passado pouco tempo, que os salários foram alterados semestralmente e, logo após, trimestralmente, assim como o saco de cimento.

Hoje, continuo negando a velha e surrada tese de que o salário é a causa da inflação. Se o fosse, a inflação brasileira seria negativa, tamanho é o arrocho salarial dos últimos anos. É supinamente ridículo dizer que 50 ou 60 dólares mensais sejam os culpados pelo aumento da inflação. É apenas um detalhe, mas não é hora e local para debater estas teses.

Embora devo ainda dizer, em apoio ao meu posicionamento, que nós suportamos 70% de aumento no Fundo de Investimento Social – FINSOCIAL; 90% de redução no prazo dos Impostos; 100% de aumento nos juros; 100% de aumento nos preços do barril de petróleo; adaptamo-nos a uma inflação de 1% ao mês da mesma forma como a uma inflação de 84%.

Resistimos a tabelamentos, congelamentos, descongelamentos, Superintendência Nacional do Abastecimento – SUNAB, e Polícia Federal. Mas quando falam em salário, pasmem, qualquer alteração será o caos, a catástrofe, a hiperinflação, as concordatas, as falências, enfim, nada mais, nada menos que o dilúvio. Que mistério insondável! Que tabu odioso, que haveremos de derrubar!

Em função dessas e de outras posições, muitos associam ao nome de Alécio Ughini adjetivos como polêmico, contraditório, irônico e agressivo, julgando meu desempenho social. Aceito um pouco de todos eles, mas posso proclamar, com satisfação, que meus juízes jamais me acusaram de oportunista, aproveitador ou demagogo, por tentar beneficiar-me de algumas situações.

Aparentemente antagônicas, às vezes, algumas posturas minhas, pelo contrário, me trouxeram mais aflições, desapontamentos e frustrações do que vantagens. Nunca as usei visando conquista de poder político. Sou sim, um eterno candidato a ser cada vez mais humano e servir, com mais motivação, à comunidade, da qual sou grande devedor.

E me sinto emocionado, portanto, com a honraria que me confere a Câmara de Vereadores, através de proposição do nobre Ver. Clóvis Brum.

Se estou unido às lutas comunitárias, não posso deixar de citar outra união muito importante na minha vida. O casamento com a Laci, há quase 25 anos. Mulher de empresário e advogada trabalhista, somente de empregados, é uma outra faceta sui generis do meu perfil, perfeitamente compatível com minha personalidade.

Recebermos juntos a honra da cidadania porto-alegrense não é, indiscutivelmente, motivo de uma grande alegria? Daniela e Silvio Neto, meus filhos, devem estar, também, orgulhosos, perdoando nossas freqüentes ausências no aconchego do lar, pelo menos nos dias considerados úteis da semana.

Silvio e Irene, meus pais, agora domiciliados em outra esfera da vida, devem estar acompanhando esta cerimônia, para nós inesquecível. Sou grato a eles, bem como aos demais membros de nossa empresa familiar, que geralmente aplaudem, mas, às vezes, apenas toleram as minhas ausências do meu local de trabalho, única e exclusiva fonte de meus rendimentos.

Agradecido a tantos, repiso a certeza de que continuarei apoiando o que penso deva ser apoiado; criticando o que deva ser criticado e, principalmente, mudando de opinião, com a maior facilidade e tranqüilidade possível, quando algum argumento mais forte me for convincente. Não faz parte dos meus princípios aprovar medidas para agradar, bem como jamais farei esforços para rejeitar propostas, apenas por interesse pessoal.

Lutarei sempre para buscar uma fórmula em que o regime, dito capitalista em que vivemos, refaça alguns critérios, aperfeiçoe certos desenhos característicos da tal modernidade e reexamine várias de suas coordenadas. Os resultados dos esforços de todos, nesse sentido, devem convergir para que se conquiste um pouco mais de dignidade ao sofrido e paciente povo brasileiro.

É, pois, verdadeiro, que ninguém vai arrancar a voz da minha garganta, como nunca arrancaram. E estou sempre vigilante, colocando o máximo que puder no mínimo que fizer, fiel, aliás, ao lema de minha formatura ginasial: põe o máximo que és, no mínimo que fazes. Passadas décadas, esse lema continua como uma das diretrizes para minha história individual.

Obrigado, Ver. Clóvis Brum. Obrigado, nobres Vereadores que apoiaram a proposição. Obrigado, autoridades e amigos aqui presentes. Eu, pelo menos de minha parte, não merecia tanto.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Meus senhores e minhas senhoras, cabe a esta Presidência o encerramento desta Sessão Solene, pelo fato e pelo conjunto de pessoas que aqui se reúnem, da representação da sociedade. Mas, é simultaneamente uma sessão de amigos, porque todos nós, indistintamente das funções que desempenhamos, as desempenhamos dentro da esfera pública. Por isto me permito duas pequenas reflexões neste encerramento.

Há nove anos Vereador nesta Cidade, tenho-me encontrado, sobretudo, com o Dr. Alécio Ughini em vários momentos de debates, dizia, literalmente, disputas até físicas no campo das idéias dessa Casa.

Tenho assistido e acompanhado declarações, posições firmes do nosso homenageado e jamais vi o Dr. Alécio tremer, jamais vi o Dr. Alécio recuar, mas, hoje, vi o Dr. Alécio ficar com medo. Nós tínhamos decidido que faríamos esta Sessão no grande Plenário da Casa e o Alécio chegou para mim, dez minutos antes e disse: “olha, Presidente, vamos passar para o pequeno, porque não sei se vem muita gente e fica aquela coisa, estou nervoso”. Então, passamos para cá e, quem sabe lá, pela primeira vez o Alécio errou, porque a Casa está absolutamente lotada com os seus amigos, seus conhecidos, e isto prova o acerto da homenagem proposta pelo Ver. Clóvis Brum, proposta aceita pela Casa.

Por outro lado, o fato de nós fazermos duas homenagens simultâneas ao casal, também resolve um outro problema que normalmente enfrentamos no dia-a-dia; como o Dr. Alécio chega a dizer: ‘pois é, sou conhecido como o marido da Laci”. Ou a Drª Laci: “Eu sou a mulher do Alécio”. Fica aquela situação complicada, nós temos o contrário, neste casal, uma situação absolutamente equilibrada e que inteligentemente o Ver. Clóvis Brum tratou de não desequilibrar por via das dúvidas. A homenagem mantém este equilíbrio. Este é o primeiro conjunto de reflexões que eu queria trazer aqui, de caráter mais pessoal aos nossos homenageados. Mas queria me permitir, minhas Senhoras e meus Senhores, fazer, também, uma outra reflexão, mais séria, mais importante para todos nós. Muitas vezes ouvimos acusações e até com razão em torno da corrupção ligada à política, e, quando ouço isso, penso que onde existe um corrupto existe a pessoa que corrompe, e eu queria aproveitar a presença de todos os Senhores para, inclusive, na continuação das reflexões que o meu companheiro Lula trouxe, naquele dia, na reunião da ADVB e de reflexões que ouvi, agora, aqui, do Alécio, ouvi das posições da Drª Laci, dizer que não basta nós acusarmos ou denunciarmos, mas é fundamental que nós nos unamos para tentar exterminar esse cancro. Eu acredito na política feita com seriedade, com transparência, com absoluta honestidade, mesmo na disputa mais radical de idéia e de posições, e acho que, hoje, nesta Casa, isso é absolutamente comprovado em todas as manifestações que aqui ouvimos. É um momento muito importante em nome deste País, dos nossos filhos, dos nossos netos, de nós, mais do que fazermos a denúncia, nós realmente evitarmos não só que tenhamos os corruptos, como evitarmos que tenhamos também a permanência da corrupção. E a isto que quero convocar a todos os senhores, nos ajudem, que nós poderemos, juntos, ajudar também o nosso País, a nossa sociedade.

Agradecemos as presenças de todos os senhores, sobretudo, porque, na próxima semana, esta Casa completa 218 anos de vida. Uma Casa da qual eu tenho orgulho de ser parte humilde e eventualmente Presidente.

Nós queremos encerrar esta Sessão e homenagear uma vez mais os nossos novos Cidadãos Eméritos. E encerramos os trabalhos da presente Sessão Solene.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h44min.)

 

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